Apenas uma escola estadual oferece ensino integral público em Bento Gonçalves

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Escola Estadual de Ensino Fundamental Anselmo Luigi Picoli

Meta do Governo Federal é de que 50% das instituições estaduais ofereçam a modalidade até 2024

As escolas integrais são opções para os pais que trabalham e não têm com quem deixar os filhos. Seguindo os modelos de ensino norte-americano e europeu, o Brasil instituiu a Lei Nº 13.005, em junho de 2014, na qual o Plano Nacional de Educação (PNE) estabelece como estratégia a oferta de educação básica pública em tempo integral para 50% das escolas estaduais, a ser cumprida em dez anos (ou seja, até 2024).

Apesar do atual secretário estadual de educação, Ronald Krummenauer, afirmar no início de agosto que dificilmente o Rio Grande do Sul conseguirá cumprir a meta, o número de escolas integrais estaduais saltou de 46 em 2014 para 107 em 2017. Com a medida, os estudantes atendidos passaram de 9 mil para mais de 20 mil.
Em Bento Gonçalves, duas escolas oferecem ensino integral público, sendo delas apenas uma estadual: a Escola Estadual de Ensino Fundamental Anselmo Luigi Picoli, que foi criada em 1994 com o objetivo de ser um Centro Integrado de Educação Pública (por isso ser conhecida como CIEP). Segundo a diretora da Instituição, Tânia Regina Ducatti Sasso, este modelo funcionou em 1994, 1995 e 1996 como tempo integral, atendendo a mais de 700 alunos na ocasião. “Por uma decisão administrativa do Governo do Estado, depois passou a ser escola regular”, explica.
Em 2016, o governo atual, para atender as metas do PNE, então ofereceu a oportunidade da escola ser novamente de tempo integral. “Nós fizemos a consulta com a comunidade, e voltou a funcionar de tempo integral desde o primeiro semestre letivo do ano passado”, conta a gestora. A escola atende de 1º ao 5º ano (compreendendo a faixa etária entre os 6 e 10 anos), e se em 2016 o modelo atendeu a 125 alunos, em 2017 já são 162, divididos em 8 turmas.

“Foi uma novidade porque quando foi fundada eram outros tempos, agora tivemos mais organização. Íamos desenvolver como projeto piloto, mas entendemos que já poderia começar a trabalhar”, avalia Tânia. Os alunos ficam oito horas na escola, das 7h30 até às 16h, contando a hora do almoço. Lá, recebem café da manhã, lanches e almoço. “A escola de tempo integral demanda uma organização totalmente diferente de uma escola tradicional. Não é só as crianças que aumentam a carga em 3 horas, eles também precisam ter professores de manhã e de tarde. A primeira providência foi ampliar a oferta de professores; Depois, recursos financeiros para atender a merenda escola”, ilustra.
No contra-turno, os estudantes alternam aulas de Língua Portuguesa, Matemática, Ciências voltadas para meio ambiente, Língua Inglesa, Educação Física, Musicalidade, Teatro, Informática (a critério das professoras que podem usar a sala) e aulas com o Bento Vôlei. Em setembro, vão começar a preparar o jardim para fazer uma horta.
A escola tem zoneamento e atende aos alunos do bairro Cohab, mas também tem matriculadas crianças que moram longe, que não conseguem vagas em outras instituições. “Tem muitas crianças que vem de transporte escolar, não somente o gratuito, assim como muitos pais que têm interesse no turno integral e pagam este transporte”, diz a diretora.
Sobre o espaço, o PNE determina o programa de construção de escolas com padrão arquitetônico e de mobiliário adequado para atendimento em tempo integral. Para isso, devem ser instaladas quadras poliesportivas, laboratórios (inclusive de informática), espaços para atividades culturais, bibliotecas, auditórios, cozinhas, refeitórios, banheiros e outros equipamentos, ambientes já presentes na Anselmo Luigi Picoli.

Para Tânia, o modelo aplicado na Anselmo Luigi Picoli tem que ser exemplo nacionalmente. “Só que isso demanda muita organização, é uma gestão totalmente diferente. Tem que ter recursos, tem que ter espaço”, analisa. “Os alunos estão na escola para aprender. Não é simplesmente tirar a criança da rua, que seria mais simples, é tudo um conjunto”. De acordo com ela, as escolas integrais “tem tudo para dar certo, tem que ter foco sim nos resultados, mas também precisa atender a criança. Não é somente oferecer um currículo, como também atividades que eles gostem, porque precisa ser atrativo para as crianças”, conclui a diretora.