Apenas 44% das mulheres estão empregadas e machismo prevalece no mercado de trabalho

2015-04-10_190211

Nos últimos 50 anos, as mulheres têm deixado de atuar apenas no ambiente privado para também se lançarem no mercado de trabalho. Os avanços nas leis trabalhistas permitiram o crescimento dessa mão de obra. Em 2007, as mulheres representavam 40,8% do mercado formal de trabalho; em 2016, passaram a ocupar 44% das vagas.
Os estados com menos diferença de participação no mercado de trabalho formal entre homens e mulheres são Roraima (49,6% das vagas de trabalho são ocupadas por mulheres) e Acre (47,2%). Distrito Federal e Mato Grosso são as unidades da federação com menos percentual de mulheres em atividades formais, segundo o levantamento do Cadastro Geral de Emprego e Desemprego (Caged) e da Relação Anual de Informações Sociais (Rais) – 39% e 39,5%, respectivamente. A média brasileira é de 44%.
Além disso, o desemprego afetou menos as mulheres nos últimos cinco anos do que os homens, apontam dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) com base em informações do Cadastro Geral de Emprego e Desemprego (Caged) e da Relação Anual de Informações Sociais (Rais), do Ministério do Trabalho. De acordo com o IBGE, entre 2012 e 2016, o total de homens empregados sofreu redução de 6,4%, contra 3,5% entre as mulheres.
A renda dessas trabalhadoras também tem ganhado cada vez mais importância no sustento das famílias. Os lares brasileiros estão sendo chefiados por mulheres. Em 1995, 23% dos domicílios tinham mulheres como pessoas de referência. Vinte anos depois, esse número chegou a 40%. Cabe ressaltar que as famílias chefiadas por mulheres não são exclusivamente aquelas nas quais não há a presença masculina: em 34% delas, havia a presença de um cônjuge.
Apesar dessas melhoras, as mulheres ainda ganham em média menos do que os homens, mesmo tendo mais tempo de estudo e qualificação. No total, a diferença de remuneração entre homens e mulheres em 2015, ano com os dados mais recentes do indicador, era de 16%. O rendimento médio do homem era de R$ 2.905.91, e o pago às mulheres, de R$ 2.436,85.
Contudo, quanto à participação em cargos de chefia e gerência nas empresas e organizações, ainda é preciso avançar. Isso porque entre 5% e 10% dessas instituições são chefiadas por mulheres no Brasil, de acordo com um estudo da Organização Internacional do Trabalho (OIT).

Machismo ainda é o vilão
O machismo e o preconceito contra a mulher ainda são os principais motivos que atrapalham o empoderamento do sexo feminino nas empresas. Pesquisa do Data Popular aponta que 78% dos homens avaliam como normal a mulher para de trabalhar para cuidar da família. Por outro lado, 54% do público masculino sente vergonha de outra pessoa do mesmo sexo que deixa o mercado formal para cuidar dos filhos e do lar.
Na avaliação do presidente do Data Popular, Renato Meireles, apesar de as mulheres ganharem destaque no mundo corporativo, na maioria das companhias ainda existe uma cultura de machismo que impera nas relações de trabalho. Conforme ele, isso fica claro na medida que as diferenças salariais entre os sexos masculino e feminino são maiores de acordo com o nível de renda. “Nas classes A e B a diferença no contracheque entre homens e mulheres que ocupam o mesmo cargo é maior do nos extratos populacionais C e D”, destacou.
Para piorar a situação, a pesquisa do Data Popular indica que um terço dos homens acha constrangedor ser chefiado por uma mulher. Apesar das disparidades, Meireles destacou que esse assunto começa a deixar de ser um tabu nas empresas e nas universidades para que mudanças na cultura das organizações possam criar uma equidade entre homens e mulheres no mercado de trabalho. “Isso precisa mudar, uma vez que não há uma justificativa para que existam essas diferenças salariais. A cultura do machismo é grande e precisa ser desmistificada”, completou.
Campanha da ONU
Uma campanha lançada pela Organização das Nações Unidas (ONU), expõe o machismo vivo, mas camuflado através da ferramenta de busca do Google. As frases que surgem na busca, conforme a digitação são impactantes.
Mulheres precisam: ser colocadas em seu lugar/ saber seu lugar/ ser controladas/ ser disciplinadas
Mulheres deveriam: ficar em casa/ ser escravas / ficar na cozinha / não falar na igreja
Mulheres não: sabem dirigir / não podem ser pastoras / não são confiáveis / não podem falar na igreja

Mulheres não deveriam: ter direitos/ votar / trabalhar
Famosas alvo de críticas
Hillary Clinton
Quando era secretária de Estado norte-americano, Hillary Clinton foi ridicularizada por derramar lágrimas em plena campanha eleitoral. Por causa disso, a imprensa local alimentou ainda mais o estereótipo de que mulheres são “demasiadamente emotivas” para esse tipo de cargo.
Patricia Poeta
Patrícia Poeta é graduada em Jornalismo e pós-graduada em Cinema. Já foi correspondente da Rede Globo em Nova Iorque, apresentadora do Fantástico e âncora do Jornal Nacional. Por ter sido casada com o diretor da Globo Internacional, frequentemente é apontada como uma pessoa que não conquistou tudo isso por si só.
Christine Lagarde
A chefe do FMI disse à Forbes que odeia o estereótipo de que mulheres poderosas necessariamente precisam se vestir com roupas similares às dos empresários.
Bolsonaro criou polemica com fala sobre salário das mulheres
Bolsonaro criou polemica com fala sobre salário das mulheres
Em pleno século XXI, Jair Bolsonaro, deputado federal pelo PP-RJ, polemizou ao dar uma entrevista em 2015 afirmando que não acha justo a mulher e o homem receberem o mesmo salário, porque ela engravida. “Eu sou liberal. Defendo a propriedade privada. Se você tem um comércio que emprega 30 pessoas, eu não posso obrigá-lo a empregar 15 mulheres. A mulher luta muito por direitos iguais, legal, tudo bem. Mas eu tenho pena do empresário no Brasil, porque é uma desgraça você ser patrão no nosso país, com tantos direitos trabalhistas. Entre um homem e uma mulher jovem, o que o empresário pensa? ‘Poxa, essa mulher tá com aliança no dedo, daqui a pouco engravida, seis meses de licença-maternidade…’ Bonito pra c…, pra c…! Quem que vai pagar a conta? O empregador. No final, ele abate no INSS, mas quebrou o ritmo de trabalho. Quando ela voltar, vai ter mais um mês de férias, ou seja, ela trabalhou cinco meses em um ano”, pontuou o progressista. Segundo ele, o ideal seria, “se eu quero empregar você na minha empresa ganhando R$ 2 mil por mês e a Dona Maria ganhando R$ 1,5 mil, se a Dona Maria não quiser ganhar isso, que procure outro emprego! O patrão sou eu”, concluiu.

Salários diferentes entre atrizes e atores de Hollywood já foram denunciados
No mesmo ano da declaração de Bolsonaro, a vencedora do Oscar de melhor atriz coadjuvante, Patricia Arquette, ao subir ao palco para receber o prêmio, discursou que “[Dedico] a toda mulher que já deu à luz, todo cidadão que paga impostos, nós lutamos pelos direitos de todo mundo. É nossa vez de ter salários igualitários para todos e direitos iguais para as mulheres nos Estados Unidos”, declarou.
Uma das maiores bilheterias deste ano, “Mulher Maravilha”, pagou à sua protagonista, Gal Gadot, US$300 mil, cerca de 2% do que Henry Cavill teria recebido para seu primeiro filme como Super-Homem em ‘O Homem de Aço’. Esta diferença já existe há muito tempo. Em 1992, no filme “Instinto Selvagem”, o cachê de Sharon Stone foi de US$500 mil , enquanto o de seu parceiro de cena, Michael Douglas, US$15 milhões.
O ex-casal Nicole Kidman e Tom Cruise recebeu salários bem distintos em “De olhos bem fechados” (1999), embolsou US$20 milhões, Nicole recebeu “apenas” US$7 milhões. O ex-casal Brad Pitt e Angelina Jolie também recebeu um cachê bem distinto em “Mr. & Mrs. Smith”, Pitt ganhou US$20 milhões e Angelina, US$10 milhões;
A diferença mais gritante é, no entanto, entre Robert Downey Jr e Scarlett Johansson em “Homem de Ferro 2”. Ele, com US$50 milhões enquanto a intérprete da Viúva Negra, US$6 milhões pelo filme.