Ano letivo inicia com novas 133 evasões escolares

2015-04-10_190211
Conforme documentos do FICAI já se somam 1.091 evasões escolares até o mês de março e principal motivo pode ser a falta de professores em sala de aula.

Conforme o Conselho Tutelar, já se somam 1.091 evasões escolares até o mês de março e principal motivo pode ser a falta de professores em sala de aula

 

Todos os anos as escolas do país inteiro têm de lidar com a evasão escolar. No primeiro trimestre de 2018, o número de evasões escolares já passava de 6,7 mil alunos no estado, segundo pesquisa do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep).
Dois dos principais indicadores da evasão nas escolas são a distorção entre a idade/séries e a falta de professores em sala de aula. Em Bento Gonçalves, esta realidade também se manifesta. Em 2018, 958 alunos deixaram de frequentar a escola e até março de 2019 mais 133 evasões confirmadas. Conforme Leonides Lavinicki, conselheiro Tutelar de Bento Gonçalves, estes números são o somatório das escolas estaduais e municipais de Bento Gonçalves.
Conforme a Secretária Municipal da Educação, Iraci Vasques, o número de evadidos do município seriam apenas do EJA. “Em 2018 foram 83 evadidos, para um total de matrículas de 185 alunos no EJA, tendo como justificativa o cansaço do trabalho diário”, afirma Iraci. A Secretária complementa informando que, estes números serão confirmados no próximo censo escolar, realizado anualmente em maio, “pois os números do FICAI não são reais”, esquecendo que mencionou à reportagem que “ainda há falta de professores, mas estes estarão sendo contratados através de contratos temporários e a situação deve ser resolvida ainda esta semana na rede municipal”.

Dois dos principais indicadores da evasão nas escolas são a distorção entre a idade/séries e a falta de professores em sala de aula.

Conforme o Coordenador da 16ª Coordenadoria Regional da Educação, Leonir Rasador, “ao primeiro sinal de evasão, a escola faz uma busca ativa, nem sempre obtendo sucesso. O caso então é repassado ao Conselho Tutelar”. “Nem todos podem ser considerados evadidos. Muitos atingem a maioridade e procuram por concluir com os exames fracionados. Muitos mudam de município, de estado. Como a matrícula é automática, muitas vezes o aluno nem sabe que está sendo procurado”, afirma Leonir.
Leonir Rasador admitiu também que há déficit de professor dentro de sala de aula na rede estadual. “Professores já estão sendo selecionados ou aguardando autorização da SEDUC para efetivação do contrato para 10 vagas ainda a serem preenchidas no município”
Sem dúvida a repetição de ano é um agravante a ser considerado para a evasão. Pela distorção idade/série, muitos alunos sentem-se constrangidos ao frequentar as aulas. Na tentativa de fazer frente a este fator, a 16ª CRE criou turma específica de EJA na EEEF General Bento Gonçalves da Silva no ano de 2018, para estes alunos que estavam sentindo-se deslocados.
Para Lavinicki, a resistência do aluno em seguir os estudos, pode ter várias razões, mas pode estar diretamente interligada com a falta de professores. “Sabemos que ainda há escolas que, nesta época do ano, estão com falta de professores. A aglomeração de alunos nas salas, por falta de estrutura também pode ser um somativo”, destaca ele.
O que se pode fazer para evitar a evasão?

Secretaria Municipal de Educação admite que ainda há falta de professores, prometendo contratações temporárias ainda nesta semana

Identificar as fragilidades da escola
Para realizar melhorias em uma instituição de ensino, o primeiro passo é identificar os pontos fracos na estrutura, gestão e qualquer outro setor que, de alguma forma, a precariedade influencie na qualidade do ensino aos alunos. Um bom indicativo para essa questão é, justamente, número de alunos que costumam frequentar as aulas.

Aplicar uma boa gestão escolar
Tendo em mãos uma análise detalhada dos problemas da escola, é possível integrá-los a sua gestão escolar. Gerir bem os recursos de uma instituição de ensino é fundamental para aperfeiçoar o aprendizado dos alunos. Por boa gestão não entendemos a geração de mais receita para a escola, mas sim o bom direcionamento dos recursos já existentes – mesmo sendo poucos.

Diversificar o ensino em sala de aula
Pensar que todos os alunos podem ser submetidos aos mesmos critérios de avaliação é um dos principais erros cometidos por muitas escolas no Brasil. Muitas vezes, o estudante se sente desmotivado por não conseguir acompanhar o ritmo da sua turma, por mais que o queira fazer. Em outros casos, os critérios impostos podem não o avaliar da melhor forma.

Criar grupo de apoio ao aluno
Também podem ser criados grupos de ajuda direta ao aluno. Atividades extracurriculares como apoio vocacional, apresentando as diversas profissões existentes, incentivando que o aluno caminhe na direção da realização dos seus sonhos.

Ouvir a comunidade escolar
Escutar os estudantes significa criar oportunidade para que possam compartilhar opiniões sobre diferentes assuntos, desde os mais corriqueiros, como a infraestrutura da escola e as atividades em sala de aula, até os mais complexos, como mudanças no currículo e na organização escolar.