Andadores podem prejudicar o desenvolvimento do bebê

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Em janeiro de 2013, a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), que reúne dezesseis mil profissionais de todo o país, lançou uma campanha desaconselhando o uso de andadores. O argumento foi de que os acessórios podem causar acidentes e, ainda, atrasar o desenvolvimento motor dos bebês.
No ano passado, uma liminar expedida pela Justiça gaúcha proibiu a venda de um modelo de andador no país, que correspondia a 30% do mercado nacional. O tipo do andador proibido foi o tradicional, em que a criança caminha sentada. Ainda há outros três liberados: tradicional com móbile acoplado, com alça e “moderno” . Na Câmara de Deputados e no Senado estão em tramitação projetos de lei para eliminar os equipamentos.
Muitos pais acreditam que seus filhos adquirem mais independência a bordo do aparelho. No entanto, segundo especialistas, os pequenos ainda não têm maturidade física e emocional para administrar tanta liberdade. Pesquisas indicam que cerca de 60% a 90% das crianças entre seis e quinze meses de idade utilizam o acessório sofrendo riscos como queimaduras, causadas por tomadas e panelas, intoxicações, afogamentos e quedas. Existe também outra questão: nessa fase da vida, o peso da cabeça do bebê é desproporcional se comparado ao resto do corpo, fazendo-o pender para frente, uma postura potencializada pelo andador.
Não é somente no Brasil que o uso do andador é discutido. No Canadá, por exemplo, desde 2007, é proibido vender, importar, e mesmo fazer propaganda de andador para bebês. Existe um movimento muito intenso na Europa e nos Estados Unidos visando a implantar uma lei semelhante à canadense, uma vez que todas as estratégias educativas têm falhado na prevenção dos traumatismos por andadores.
Uma pesquisa austríaca intitulada “Andadores: Uma Ameaça Subestimada para Nossas Crianças?”, revelou que 55% das famílias com crianças investigadas usavam o aparelho. Dessas, uma em cada cinco havia sofrido algum acidente relacionado ao andador. A Aliança Europeia para Segurança Infantil aponta ainda que esse é o tipo de utensílio infantil que mais provoca lesões em bebês, 90% das quais ocorrem na cabeça.

Malefícios apontados por especialistas pelo uso do andador
– Bebês que utilizam andadores levam mais tempo para ficar de pé e caminhar sem apoio. Além disso, engatinham menos e têm escores inferiores nos testes de desenvolvimento.
-O exercício físico é muito prejudicado pelo uso do andador, pois, embora ele confira mais mobilidade e velocidade, a criança precisa despender menos energia com ele do que tentando alcançar o que lhe interessa com seus próprios braços e pernas.
– Nessa idade (de 10 meses a um ano meio), a criança ainda não tem a caixa craniana tão firme e qualquer batida pode ser séria, podendo levar a hemorragia cerebral e até a morte.