AMB volta atrás e pede fim do tratamento precoce

2015-04-10_190211

Medicamentos como hidroxicloroquina/cloroquina, ivermectina e azitromicina devem ser banidas do combate à pandemia, diz entidade

A Associação Médica Brasileira (AMB), entidade que reúne mais de 80 sociedades de especialidades e órgãos federados do país, se manifestou nesta terça-feira contra o uso de medicamentos sem eficácia comprovada contra a covid-19, como hidroxicloroquina e ivermectina, no tratamento da doença causada pelo novo coronavírus.

Em boletim de seu comitê de monitoramento da pandemia, a AMB afirmou que a utilização dos medicamentos hidroxicloroquina/cloroquina, ivermectina, nitazoxanida, azitromicina e colchicina deve ser banida do combate à pandemia, destacando que esses remédios não possuem eficácia científica comprovada no tratamento ou prevenção da covid-19.

Em julho de 2020, a AMB divulgou nota na qual afirmava a inexistência de “estudos seguros, robustos e definitivos sobre a questão”. À época, a AMB declarava: “O derby político em torno da hidroxicloroquina deixará um legado sombrio para a medicina brasileira, caso a autonomia do médico seja restringida, como querem os que pregam a proibição da prescrição da hidroxicloroquina”.

Ao lado do Conselho Federal de Medicina (CFM) e da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC), a AMB fazia parte das entidades médicas que ainda tinham posicionamentos neutros ou favoráveis ao direito de o médico escolher o tratamento.

No novo documento, a entidade cita 13 pontos para enfrentamento da pandemia. Entre eles, o isolamento social, o uso de máscaras, a aceleração da vacinação e a necessidade de ação das autoridades para solucionar a falta de medicamentos no atendimento de pacientes internados com covid-19, principalmente daqueles necessários para a intubação.

Unicamp confirma caso de hepatite medicamentosa relacionada ao uso do ‘kit Covid’
O Hospital de Clínicas (HC) da Unicamp, em Campinas (SP), confirmou nesta terça-feira (23) o primeiro caso de paciente diagnosticado com hepatite tóxico-medicamentosa relacionada ao uso do “kit Covid” – conjunto de remédios como azitromicina, hidroxicloroquina e ivermectina, que não têm eficácia comprovada contra o coronavírus.
Diagnosticado com a Covid-19 há cerca de três meses, o paciente teria apresentado pele e olhos amarelados um mês após utilizar ivermectina, hidroxicloroquina e azitromicina, além de zinco e vitamina D, sob prescrição médica.

Contraindicações
O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) chegou a defender o uso da cloroquina para o tratamento da Covid-19. O remédio integra o chamado “kit Covid”, ou “tratamento precoce”, que já se mostrou inclusive ineficaz ou até mais prejudicial do que benéfico quando administrado nos quadros leves, moderados e graves de Covid-19.

Atualmente, esse mix farmacológico não é reconhecido e é contraindicado por entidades como a Organização Mundial da Saúde (OMS), o Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos e da Europa, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e a Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI).

Alerta
O uso indiscriminado e sem acompanhamento médico de remédios que carecem de comprovação científica contra a Covid-19 é motivo de preocupação, já que os componentes podem se tornar tóxicos para os pacientes após um longo tempo de uso.