Agricultor tem prejuízo de 60% nos parreirais por causa do temporal

2015-04-10_190211

O produtor agrícola Roberto Parisotto, que mora na Linha Ferri, em Tuiuty, lamenta o prejuízo de cerca de 60% da produção de uva, devido ao temporal e às chuvas das últimas duas semanas. Segundo ele, uma safra que deveria chegar em 120 toneladas, se der sorte chegará a 60 ou 65 toneladas. “Já estava prevendo uma diminuída porque estou renovando um hectare”, relata, “este ano está tudo atravessado. Mas quem está na chuva, é para se molhar”, ressalta Parisotto.
O produtor possui seis hectares de videiras, cujas uvas vende para a Cooperativa Aurora. Ele ainda tem em sua propriedade, dois hectares de quatro variedades de pêssego e dois hectares de cítricos. Para o agricultor, que começou a colher o pêssego neste mês, esta produção não dá para “se queixar”, assim como a de bergamota. Estas, Parisotto vende em feiras e tendas e, de acordo com ele, deu para se garantir através delas.
Sempre buscando inovar, o produtor começou a plantar em 2017 também tomates, com cerca de mil pés. “Estou renovando um hectare de videiras este ano, no próximo ano serão mais dois. Também comecei com o tomate. Estamos sempre diversificando”, explica.

“A gente sofre, mas aqui é um paraíso”
Parisotto comenta também as dificuldades de viver no campo, como as condições ruins das estradas. “ A gente não tem apoio político. Falta máquina para fazer o serviço e as condições das estradas também são ruins. Quer ver o agricultor feliz é dar máquina e estrada boa”, pontua.
“Por exemplo, fiz um projeto no qual gastei R$82 mil de máquinas para terraplanagem e não tive ajuda alguma”, registra. “Na Linha Ferri é uma tristeza de andar. Esta estrada escoa entre frutas, cítricos e uva, 25 milhões de toneladas por ano. Aqui tem três alambiques, cantinas artesanais e indústrias. O trajeto que cabe a mim, de 400 metros, sou eu que tapo o buracos”, manifesta-se.
Apesar disso o agricultor, que já trabalhou por uma década na cidade, mas não se adaptou, prefere a vida no campo e enche o peito, para falar, com orgulho, sobre o local. “A gente sofre, mas está em cima do que é da gente. Aqui é um paraíso”, conclui.
Parisotto tem dois filhos: uma jovem prestes a completar 19 anos, e um adolescente de 16. Ela deverá ir para a cidade, até porque o pai não a incentiva a ficar no campo. Já ele, deverá seguir os passos do pai. “O meu filho está em um programa de aprendiz no campo, no qual ele aprende matemática financeira, entre outras discilpinas para aplicar na propriedade”, conta.

Frio foi aquém do esperado
Segundo o pesquisador da Embrapa Uva e Vinho, Henrique Pessoa, o frio em 2017 foi aquém do que as culturas exigem. No entanto, o fato de não ter feito geada na primavera (em setembro) foi um benefício. “O grande problema é quando se tem geadas tardias, que acabam comprometendo drasticamente a plantação”, explica, “isso porque o calor precoce antecipa a brotação e o frio tardio acaba queimando a plantação”.
Mas, como no caso de Parisotto, Pessoa explica que realmente as chuvas e a ventania acabam comprometendo principalmente a floração. “Porém, os afetados são pontos isolados, como propriedades mais expostas ao vento. Não dá para generalizar. O efeito vento, assim como a geada, não tem o que fazer. O que se recomenda é ter um cuidado de sanidade para não comprometer a planta”, indica o pesquisador.