Agenda 20/20 reúne empresários e representantes do setor público no CIC

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No encontro foram debatidas ideias para alavancar o desenvolvimento do Rio Grande do Sul, incluindo dados sobre segurança, saneamento básico e economia de Bento Gonçalves

 

O encontro da Agenda 20/20, que reuniu empresários e os representantes do poder público e entidades de classe de Bento Gonçalves foi marcado pelo debate acerca dos itens relacionados a melhorias na gestão pública, na infraestrutura e na segurança. O encontro aconteceu na última terça-feira, dia 1º, no Centro da indústria, Comércio e Serviços (CIC-BG). As questões foram elencadas a partir de índices socioeconômicos e tendências globais apresentados no CIC. O Grupo gaúcho 20/20 é formado por diversos segmentos da sociedade com o propósito de criar uma agenda estratégica a fim de traçar os rumos de desenvolvimento do Estado.
No dia 16 de outubro as proposições serão entregues aos candidatos do governo gaúcho, junto a outras colhidas por diversas regiões do Estado. Elas estarão num documento chamado Caderno de Propostas. A ideia é que elas façam parte do plano de governo do futuro mandatário e que sejam implementadas ao longo dos anos a fim de melhorar a realidade do Estado.
“Temos a responsabilidade e o desafio de construir o planejamento para o futuro de nossa sociedade. Acredito que nosso compromisso com o desenvolvimento do Rio Grande do Sul, e de nossa região, precisa estar acima de todas as questões temporárias. Somos passageiros: governos vem e vão, mas a sociedade, não. Ela é estanque, permanente. Pelo bem desta e das pelas futuras gerações precisamos trabalhar, hoje, engajando todas as esferas da sociedade na busca por objetivos maiores”, disse o presidente do CIC-BG, Elton Gialdi.
Durante o encontro, a questão central foi pensar o futuro. E, diante de um quadro global que aponta para a obsolência de 47% das profissões até 2025, a urgência é imediata. Segundo dados apresentados pelo presidente do Conselho da Agenda 20/20, Humberto Busnello, os avanços tecnológicos estão gerando diversas oportunidades, mas também grandes riscos até meados da década de 20. “A indústria 4.0 vai criar 2 milhões de empregos, mas 7 milhões serão extintos”, disse, baseado em estudo apresentado no Fórum Econômico Mundial.
No Brasil, 50% do atual trabalho produzido poderá ser feito por robô num futuro próximo e esses empregos estão, na maior parte, na indústria. Para estar preparado para esse cenário, diz Busnello, é necessário estudo, educação e conhecimento. Requalificação dos trabalhadores e investir em pesquisas e inovação são formas de estarmos mais competitivos.
“Para tudo isso precisamos educação. E o papel da educação hoje é muito diferente da educação que tínhamos há alguns anos, que era educar o jovem par ele estar preparado para a vida. Na situação que estamos hoje, a educação tem que ser das pessoas mais velhas também para que se adaptem a isso”, comentou.
E a população idosa tende a crescer, o que também torna a previdência um problema a mais para o país lidar. Já em 2030, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a população brasileira de mais de 60 anos vai ultrapassar a de jovens de 0 a 14 anos. Segundo o economista Ricardo Hingel, diretor do Banrisul, em 2015 havia oito funcionários ativos para um inativo e, em 2040, serão quatro ativos para um inativo. “Não fecha a conta”, disse. “Alguma coisa tem que mudar, ou idade mínima, redução do benefício, ou a sociedade brasileira vai trabalhar só para pagar inativo”.
Ao abordar o panorama econômico do país e do Estado, Hingel disse que o maior problema, hoje, é o déficit público. “É a gênese de todos os desequilíbrios”, sacramentou. “Com a expansão do gasto público, nós chegamos hoje a uma carga tributária de 37% do PIB”.

Indicadores regionais alternam bons e maus índices
Na Sinaleira 20/20, os indicadores socioeconômicos do que devem parar, prosseguir ou melhorar nas áreas de economia, educação, segurança, emprego, saúde e saneamento alternaram bons e maus índices. Se dados como PIB receberam sinal verde, a segurança ganhou vermelho. Enquanto houve crescimento do PIB de 4,5% entre os anos de 2005 e 2015, superando a média do Estado de 4,1%, a taxa de homicídio também aumentou. Em 2007, a cidade registrava 8,6 homicídios para cada 100 mil habitantes, número que saltou para 28 em 2017, superior à média do Estado, que é de 23,1. Outro fator da segurança que foi elencado entre os índices que devem parar está ligado aos crimes relacionados ao tráfico de drogas que, entre 2007 e 2017, saltaram de 52 para 198.
O desenvolvimento regional foi um dos pontos positivos da pesquisa. O Índice Firjan de Desenvolvimento Municipal, que engloba variáveis como educação, saúde e renda, mostrou Bento com alto grau de desenvolvimento, atingindo um índice de 0,855, superando os 0,800 considerados para tal posicionamento. Outro dado que ganhou verde foi o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (séries iniciais), com nota superior à média 6, chegando a 6,2.
Entretanto, neste mesmo quesito para as séries finais, a nota está no vermelho 4,7. Bento também está no vermelho quanto ao saneamento. Embora o esgoto da cidade seja coletado, ele não é tratado. Apenas Santa Tereza aparece neste ranking com desempenho satisfatório entre as 11 cidades regionais analisadas pela Sinaleira. Ouro quesito que Bento precisa sair do vermelho é na gestão fiscal. O índice da cidade está em 0,498, bem abaixo do 0,800 considerado ideal.
Quanto à taxa de mortalidade infantil, Bento registra sinal verde, com números de países desenvolvidos, com 4,7 mortes no primeiro ano de vida para cada mil nascimentos. “É uma região com uma sinaleira bastante verde, superior à de outras regiões do Estado”, disse Leonardo Spindler, embora Bento precise sair do amarelo nas questões de leitos hospitalares (tem 2,5 para cada mil habitantes, sendo o ideal 3), carteira assinada (tem hoje uma população ativa com carteira assinada de 50% quando o ideal é 60%) e saneamento (estancar para 31 litros até 2033 as perdas para cada 100 litros de água tratada, hoje em 43 litros).