A produção de pêssegos na região da Serra Gaúcha

2015-04-10_190211

O pólo produtor de pêssego da serra gaúcha ocupa uma área de aproximadamente 3.200 hectares, envolve cerca de 1.860 famílias que exploram a atividade em pequenas áreas, que atingem, em média, 2 hectares.
A cultura de frutas de caroço é de grande importância econômica e social para essa região, pois com uma estrutura fundiária baseada em minifúndios e com disponibilidade de mão-de-obra familiar, esses produtores encontram na fruticultura uma ótima alternativa de diversificação da matriz produtiva, absorção da mão-de-obra familiar e geração de renda em pequenas áreas. Segundo pesquisa realizada pela Embrapa Uva e Vinho, no período entre 1985 e 1997, a contribuição da cultura do pessegueiro na formação do valor bruto da produção desses estabelecimentos evoluiu de cerca de R$ 62,20 para R$ 1.023,06 (valores deflacionados), o que equivale a um aumento de cerca de 1.600%. Entretanto, paralelamente ao crescimento da área e volume de produção, começaram a surgir os problemas tecnológicos e logísticos, típicos dos pólos produtores.
As cultivares de pêssego produzidas na região são todas de polpa branca, com destaque para a cultivar Chiripá, que representa 50%, e Marli, com 40% da área total em produção. Desse fato, surge uma característica marcante e limitante à competitividade desse pólo produtor que é a concentração da época de safra dessas duas cultivares, que ocorre entre meados de dezembro e meados de janeiro, num período de aproximadamente 25 dias. Essa concentração da produção, dada a precária estrutura de logística existente na região, principalmente na capacidade de armazenagem em câmaras frias, transforma-se, por um lado, em excesso de oferta que avilta os preços em nível do produtor e, por outro lado, provoca a queda da qualidade de grande parte do produto em nível do consumidor, já que as cultivares produzidas também apresentam problemas de perecibilidade, estimando-se que mantenham a qualidade para o consumo por, no máximo, 25 dias em boas condições de armazenamento e maturação das frutas.
Entretanto, os fatores de ordem tecnológica relacionados às cultivares de pêssego cultivadas comercialmente na região (Chiripá e Marli), não se limitam às questões da concentração da oferta e perecibilidade. Por serem de ciclo tardio, sofrem intensos ataques de pragas na fase de maturação, exigindo, conseqüentemente, ações de controle que, em muitos casos, são feitas através da intervenção com produtos químicos, o que, além dos aspectos ambientais e de saúde dos produtores, tem um impacto significativo nos custos de produção.
Esses, entre outros, são fatores que tem dificultado maiores avanços no esforço desenvolvido pela Embrapa Uva e Vinho no sentido de desenvolver um sistema de produção integrada de pêssego para a Região da Serra Gaúcha e que evidenciam a necessidade de uma elevação no patamar tecnológico disponível, a iniciar pela criação ou adaptação de cultivares às condições edafoclimáticas da região. Entretanto, a este esforço da pesquisa deverão ser agregados outros relativos à assistência técnica, políticas creditícias para custeio e investimentos na produção e em estruturas de logística, a partir do que, provavelmente, se estará criando as condições para uma maior organização dos produtores envolvidos com a cultura do pêssego na Serra Gaúcha.