A cultura Cosplay: a nova tendência Pop do universo nerd

2015-04-10_190211

O fanatismo pode interferir diretamente na vida de uma pessoa. Para os fãs de anime e cinéfilos, no entanto, não é um “problema” ser fanático. O fanático se caracteriza de seu personagem favorito, e por algumas horas se transforma em seu herói.
Estou me referindo aos Cosplays, termo inglês, formado pela junção das palavras costume (fantasia) e roleplay (brincadeira ou interpretação). É considerado um hobby, em que os participantes se fantasiam de personagens fictícios da cultura pop japonesa. Para algumas pessoas, no entanto, é considerado um estilo de vida.
Um cosplay pode estar relacionado com personagens de games, animes e mangás, porém podem também englobar qualquer outro tipo de caracterização que pertença a cultura pop ocidental.
Normalmente, os cosplayers (pessoas que fazem cosplay) são fãs dos personagens que representam e das respectivas séries, filmes, games ou desenhos a que este personagem pertence.
O cosplay é baseado na ideia do DIY – Do It Yourself (“Faça Você Mesmo”, em português), ou seja, os participantes produzem a própria fantasia, assim como todos os equipamentos e acessórios que poderão necessitar para a caracterização do personagem.
Além disso, o cosplayer não se limita em apenas se fantasiar, mas também interpretar a personalidade do personagem escolhido.
Atualmente, existem grandes eventos direcionados exclusivamente para os cosplayers, Otakus (termo utilizado no ocidente para designar os fãs de animes e mangás) e fãs de ficção científica, que promovem competições para premiar o melhor cosplay, seja no quesito caracterização (melhor fantasia) ou interpretação (melhor apresentação do personagem).

Origem do cosplay
Muitas pessoas consideram os japoneses os criadores desta brincadeira, no entanto o crédito é dos norte-americanos.
De acordo com os registros históricos, a primeira pessoa a se fantasiar de um personagem de ficção científica foi Forrest J. Ackerman, em 1939, na I World Science Fiction Convention, em Nova Iorque. A modalidade chega ao Japão nos anos 80, por intermédio de Nobuyuki Takahashi que visitou a feira nos Estados Unidos e se encantou com o Cosplay. Divulgou e incentivou a sua prática em um evento tradicional do seu país, o Comic Markets. A partir deste evento, o Cosplay despontou mundialmente e anualmente, a Worldcom apresenta muitas atrações desta modalidade.
Com o passar dos anos, cada vez mais fãs de personagens fictícios iam aos eventos fantasiados, criando o conceito do costuming, fan costuming ou masquerade​, como também era chamado.
A criação do termo cosplay teria surgido em 1984, quando Nobuyuki Takahashi, após visitar o evento de ficção científica em Los Angeles, conheceu os masquerades e, ao voltar para o Japão, escreveu um artigo para uma revista descrevendo as pessoas fantasiadas como cosplayers.
A partir da década de 1990, com a popularização dos animes e mangás japoneses no mundo ocidental, a palavra cosplay ficou relacionada com a caracterização por personagens que pertençam aos desenhos orientais. Em 1996 aconteceu o primeiro evento com Cosplayers no Brasil.

Além dos quadrinhos
Inicialmente, o cosplayer somente se caracterizava de personagens de quadrinhos, porém com a adesão de mais pessoas, a caracterização envolveu séries e filmes, como os famosos, Guerra nas Estrelas e Jornada nas Estrelas.
No Japão, é realizado um evento tradicional denominado World Cosplay Championship, o qual reúne cosplayers do mundo todo e mantém integrado o grupo de personagens de uma mesma série. O Cosplay pode ser realizado individualmente ou também em grupo. Os eventos desta modalidade também abrangem fãs da cultura japonesa, como mangás, livros, filmes, jogos eletrônicos e RPG.
Os adeptos produzem suas fantasias com o máximo de semelhança ao artista em questão. Pode-se dizer que o Cosplay é algo que aproxima e promove a interação social, pois como participam de eventos específicos, invariavelmente encontrarão outros cosplayers de personagens que são rivais na ficção, porém na vida real, partilham dos mesmos interesses, que é se assemelhar ao máximo do seu herói.
Atualmente, com a grande divulgação do Cosplay, o mercado se desenvolveu e o cosplayer que não quiser confeccionar a sua fantasia com seus próprios materiais, pode adquiri-la nas Cosplay Stores, que são lojas especializadas no desenvolvimento e confecção dos materiais para montagem do personagem, como lentes de contato especiais e outros itens que compõe a fantasia, tornando-a mais real possível.

Ser Cosplay no Brasil
No Brasil, junto com a convenção de animes do país, o Mangacon, há indícios que o cosplay começou a ser praticado em 1996. O evento promovido pela Associação Brasileira de Desenhistas de Mangá e Ilustrações em São Paulo é considerado o marco inicial da difusão deste fenômeno no país. Atualmente, existem vários fãs de anime e mangá que praticam o hobby em várias regiões.
Na cidade de Uberlândia, por exemplo, no estado de Minas Gerais, além da grande quantidade de pessoas que se interessam pela cultura japonesa, existe a Convenção de Animes e Tokusatsus de Uberlândia (Catsu), que é considerada o maior evento de animes da região do Triângulo Mineiro.
Há seis anos, fãs de anime e da cultura japonesa têm a oportunidade de trocar informações e fazer amigos. Uma das atrações que chama a atenção do público na Catsu é a competição Triângulo Mineiro Concurso Cosplay (TMCC). Nela, os cosplayers (pessoas que usam o cosplay) podem competir para ver quem fez o melhor cosplay e também a melhor apresentação na categoria individual.

A Comic Con Experience
Nos Estados Unidos dos anos 60, os livros de ficção científica e as histórias em quadrinhos dos super heróis (os comics) ganharam muita força. Isso levou um grupo de amigos nerds a organizar em 1970 um pequeno evento para reunir outros aficcionados pelo universo Marvel, DC e cinema. Nascia ali na Califórnia a feira San Diego’s Golden State Comic-Minicon.
O evento deu tão certo que eles conseguiram reunir dinheiro para fazer um maior no ano seguinte, com a presença de convidados importantes como o desenhista responsável pelos quadrinhos do Capitão América e Hulk na época.
A Comic-Con cresceu ao longo dos anos, ganhando ainda mais projeção mundial principalmente nos anos 2000 com o surgimento das redes sociais.
Algumas pessoas caracterizam o nerd como sendo o novo pop. Aliás, nem tão novo assim, já que o estereótipo parece ter sido superado há um bom tempo e o termo perdeu a conotação negativa perpetuada por décadas. No Brasil, aconteceu em 2014 a primeira edição da Comic Con Experience (CCXP).
As convenções, vistas como o epicentro de divulgação da produção geek mundial, espelham o potencial do fenômeno nerd no mercado de TV, cinema e quadrinhos. Adaptada das HQs, por exemplo, a série televisiva The walking dead é recordista em audiência (mais de 17 milhões de espectadores na estreia da sétima temporada nos Estados Unidos).
Seriados com temáticas consumidas pelo público geek como The big bang theory, Game of thrones e Arquivo X figuram entre as cinco ficcionais mais vistas no último semestre de 2015. No cinema, a situação é semelhante: as adaptações de super-heróis arrecadaram mais de US$ 4 bilhões no mundo em 2016 – a maior delas, Capitão América: Guerra civil, alcançou US$ 1,153 bilhão (US$ 40,8 milhões no Brasil).
A simbiose entre o mundo geek e a cultura pop tem rendido não apenas boas cifras para estúdios e produtoras, mas tornado popular o que antes poderia ser considerado de nicho, como heróis, zumbis e fantasias medievais. É justamente apostando nessa audiência que as Comic Cons cresceram no Brasil e no mundo.
A San Diego Comic-Con, realizada desde 1970 na Califórnia, nos EUA, cresceu tanto que o centro de convenções local não comporta mais todas as atrações do evento, alocadas também em outros espaços da cidade. No Brasil, a CCXP de São Paulo começou ocupando, na primeira edição, em 2014, uma área de 40 mil metros quadrados.
Neste ano, são 100 mil metros quadrados. As feiras reúnem um pouco de tudo aquilo que costuma povoar o imaginário de quem é apaixonado por quadrinhos, cinema, literatura, videogame e televisão. Palestras de artistas famosos, sessões de autógrafos, exibições de conteúdo inédito de superproduções cinematográficas, lojas e estandes de expositores como Netflix, Disney, Sony Pictures, HBO, Marvel e DC Comics. Das mais de 40 comic cons pelo mundo, a CCXP de São Paulo é a maior do gênero na América na Latina e deve atrair, neste ano, mais de 180 mil visitantes.

Comic Con Horror
Ao longo dos anos o evento passou por mudanças fundamentais, e entre as novidades está a inclusão dos fãs do cinema de terror e ficção cientifica. Eles praticamente invadiram a Com Com, e trajados dos seus personagens mais sádicos e sangrentos, colorem de forma especial o evento. Chucky, Jason, Freddy Krueger, Leatherface, Michael Myers, entre outros, se juntam, e compartilham experiência nas Comin Cons do mundo todo.