70% das notícias na internet são falsas

2015-04-10_190211

Dissemininação de fake news marca semana de manifestações dos caminhoneiros.

A falta de checagem de informações veiculadas na internet contribui para compartilhamentos de notícias falsas entre usuários.

Notícias consideradas falsas se espalham mais facilmente do que textos verdadeiros. A conclusão foi de um estudo realizado pelo MIT- Instituto de Tecnologia de Massachusetts.

A greve dos caminhoneiros causou impacto nas cidades e nas redes sociais, provocando uma enxurrada de boatos na internet. Na era do novo jornalismo, a disseminação de notícias falsas se tornou uma prática corriqueira, e com a utilização em massa do WhatsApp, a reprodução de informações falsas é ainda mais permanente. A Gazeta preparou uma reportagem especial sobre como as Fake News impactam na vida dos brasileiros.
Iniciada no dia 21 de maio de 2018, a greve dos caminhoneiros tem causado desabastecimento de alimentos e combustíveis em todo o país.
Assim que a notícia da greve se espalhou pelas redes sociais, também começou a circular a “lista de reivindicações” da categoria. Entre as exigências, estava a renúncia de Michel Temer, dos presidentes da Câmara e Senado e eleições antecipadas. O texto também apontava que os caminhoneiros “vão radicalizar”. Apesar da quantidade de gente que saiu espalhando isso por aí, a história não procedia, principalmente porque a categoria está pedindo, basicamente, redução de impostos e tributos relacionadas ao óleo diesel.
Nem a internet e o WhatsApp se viu livre dos boatos. Segundo essa história, o governo ia cortar todos os sinais de internet do Brasil para que os manifestantes não pudessem se comunicar. E mais: não satisfeito com a internet, o governo também bloquearia o WhatsApp. Bom, além da fonte da informação não ser dar mais confiáveis, a história de bloquear o aplicativo de mensagens e a internet já é velha. Ou seja, mais um boato.
Confira algumas notícias que já foram desmentidas:

População é
contra a greve
Foi divulgado que a população não apoiava as paralisações. Essa informação falsa foi contestada pelos fatos falaram por si só: em muitas cidades, a população ajudou os caminhoneiros oferecendo água e comida.
O assunto é um dos mais comentados em redes sociais como o Facebook e o Twitter. Outros setores apoiam a greve como os agricultores, barcos de pesca, táxis e mototáxis e até alguns postos de combustível.

WhatsApp será
bloqueado para conter a
greve dos caminhoneiros
Um boato sobre uma atualização que inviabilizará o uso do WhatsApp se propaga em grupos no aplicativo. O motivo seria uma determinação do Governo Federal para dificultar a comunicação de participantes da greve dos caminhoneiros e tentar desarticular o movimento com essa restrição de comunicação.

Renúncia de Temer
Uma informação de que a greve só acabaria com a renúncia de Temer vem sendo repassada em correntes de WhatsApp. O post garante que os caminhoneiros pediriam as renúncias dos presidentes do Senado e da Câmara, bem como eleições antecipadas.
A informação é falsa. A Associação Brasileira dos Caminhoneiros (Abcam) negou que uma de suas reivindicações, caso o preço do diesel não baixe, seja a renúncia do presidente Michel Temer. As informações são do Jornal do Brasil.

Estocar comida
e combustível
A população geral tem sofrido com desabastecimento de postos em várias cidades e falta de produtos nos supermercados. Porém, uma mensagem tem sido repassada com uma suposta orientação de um líder de sindicato, que diz para que as pessoas se previnam e estoquem alimentos em casa. A mensagem diz:
“Olá, pessoal, aqui quem fala é o presidente do Sindicato dos Caminhoneiros do Brasil. Quero falar para vocês se prevenirem, avisem suas famílias, vão no mercado, comprem comida, abasteçam seus carros, se previnam. Vai trancar tudo. (…) A guerra está começando. Greve já”.
O áudio é falso. Não existe Sindicato dos Caminhoneiros do Brasil, por isso a orientação não deve ser acatada. Inclusive, comprar produtos em excesso para estocar em casa contribui para que os mercados fiquem vazios mais rapidamente. As informações são da BBC.

Escrever Interveção
militar no para-brisa
do caminhão
Diversos grupos tem divulgado a informação de que se os manifestantes escreverem em seus para-brisas mensagens de apoio à intervenção militar, não serão impedidos de bloquear rodovias como forma de protesto, principalmente depois do pronunciamento do presidente Temer, que anunciou usar forças armadas para desobstruir rodovias.
A informação é falsa. Usar qualquer veículo para, deliberadamente, bloquear uma via sem autorização de um órgão ou entidade de trânsito é considerado infração gravíssima pelo artigo 253 do Código de trânsito brasileiro, independente do que estiver escrito no para-brisa do veículo. Quem for pego leva multa que pode chegar ao valor de R$ 5.940 e suspensão do direito de dirigir.
Além disso, concessionárias de rodovias podem conseguir liminares para impedirem bloqueios em estradas. Foi o caso da Autopista Fluminense, que pediu uma liminar para impedir bloqueios na BR 101 e da CCR Nova Dutra, que tentou impedir manifestações na rodovia no início do mês.

Como identificar
as notícias falsas
Enquanto não dispomos de leis mais efetivas para coibir as fake news, nem de ferramentas plenamente desenvolvidas para tal, a Gazeta listou algumas dicas para você descobrir se a informação que está em sua rede é verdadeira ou falsa:

Verifique a fonte
da informação
Muitos sites utilizam nomes parecidos com os de veículos de informação, mas na verdade não tem relação com a imprensa. Também há notícias que são de sites estrangeiros, onde há duas questões: o site pode não ser confiável ou o autor do post pode ter cometido erros de tradução.

Desconfie de títulos
sensacionalistas
Alguns sites sobrevivem de acessos para vender publicidade e, por esta razão, publicam informações tendo como critério a capacidade de levar o público a clicar no link, em uma prática denominada “click bait”. Muitas vezes, estes sites priorizam a velocidade e o retorno em acessos, deixando a verificação da veracidade das informações em segundo plano.

Leia todo o conteúdo
A chamada ou título da matéria pode provocar um entendimento diferente do conteúdo completo. Interpretada fora de contexto, pode ocorrer uma grande distorção em seu sentido original. De acordo com uma pesquisa publicada em agosto de 2016 pela revista Forbes, apenas 59% dos links compartilhados nas redes sociais são lidos na íntegra.

Cheque a notícia em outras fontes
Se uma informação é verdadeira e relevante, provavelmente estará entre as notícias listadas nos principais sites da imprensa. Confira também a data de publicação original. Muitas vezes nos deparamos com informações do passado, apresentadas como se fossem atuais. Você também pode acessar alguns sites para verificar se a notícia é verdadeira, como a das organizações brasileiras “Aos Fatos” e a “Boatos.org”.
Com estas ferramentas e aplicando as dicas acima, você estará contribuindo para o combate às fake news que afetam todos os meios, inclusive o de Real Estate, buscando e protegendo a verdade.

Futuro das fake news
Em um mundo bastante competitivo e com cada vez mais pessoas presentes no ambiente online, a concorrência por clique só aumenta. Utilizar fake news para conseguir aumentar a audiência e receita com publicidade é um jogo sujo que afeta até mesmo grandes empresas, como foi o caso da Pepsi. No âmbito político, a frequência de falsas notícias é ainda maior, uma vez que servem como artificio para defender os próprios interesses e desconstruir a verdade do outro.
Atualmente, empresas como Facebook e Google já estão com recursos para evitar que informações falsas sejam postadas ou encontradas no mecanismo de busca. Existe ainda outra maneira de você pesquisar se estiver em dúvida sobre determinado assunto. Basta digitar o tema que você quer saber se é verdade ou não e colocar a palavra hoax na sequência. O Google automaticamente lista todas as notícias falsas que foram divulgadas acerca do assunto.

Fake News preocupam 85% de empresas brasileiras
Uma pesquisa realizada pela Associação Brasileira de Comunicação Empresarial (Aberje) avaliou como 52 empresas nacionais e internacionais encaram o fenômeno da disseminação de mentiras on-line. Segundo o levantamento, realizado entre 27 de fevereiro e 4 de abril, os principais receios das organizações são danos à reputação da marca (91% dos entrevistados), prejuízos à imagem da empresa (77%), perdas econômico-financeiras (40%) e credibilidade da companhia (40%).
As fake news preocupam 85% das empresas. Apesar disso, 67% delas não tratam o assunto como um tema estratégico, e apenas 20% dizem ter estruturado departamento interno ou contratado serviços externos para acompanhar o assunto.
“É um que erro acreditar que eventuais riscos causados pelas fake news possam ser mitigados. Isto levando em conta apenas uma estratégia de ‘pós-controle’. Talvez agora seja o momento para que empresas se previnam contra as fake news, investindo em profissionais, educação em comunicação e estratégias para que não sejam prejudicadas no futuro”, afirma Paulo Nassar, presidente da Aberje.
Os veículos apontados como os mais confiáveis são os jornais e as revistas tradicionais (impressos ou on-line), que têm a confiança de 91% dos entrevistados. As agências de notícias também são bem avaliadas (71%). Já as informações consideradas como menos confiáveis são as encontradas nas mídias sociais (71%).
A maioria dos entrevistados (62%) afirmou não achar difícil identificar uma notícia falsa. Entre os fatores levados em conta na hora de confiar ou não em uma informação, estão a confiança no veículo (86%) e a no jornalista que produz o texto (52%).
Para controlar a disseminação de boatos, os entrevistados apontaram como medida mais eficaz a remoção de contas falsas. Seguindo esse argumento, as plataformas de redes sociais foram consideradas por 64% como as principais responsáveis pelo combate às fake news. Já as instituições governamentais foram apontadas por 30% dos participantes como responsáveis pela luta contra as mentiras on-line.